sábado, 28 de agosto de 2010

A Espera Pelo Edital


Oi amigos!

Hoje, quero falar sobre uma das coisas mais angustiantes, na minha opinião, no mundo dos concursos: a espera pelo edital.
A questão é a seguinte: quando você está inscrito em um concurso, parece que uma força imensa surge dentro de você e te impulsiona a estudar feito um desesperado. No entanto, quando não há um concurso, pelo menos autorizado e com organizadora escolhida, estudar vira uma missão muito maçante. Primeiro, porque você tem a plena certeza de que, pelo menos, uma das cem páginas do conteúdo que você está abordando não vai cair no próximo concurso, só que você não sabe qual conteúdo será excluído...Segundo, porque você pode, por algum motivo, resolver não fazer mais aquele concurso. Analise as hipóteses: 1) eu evito concursos que cobram matemática porque sou péssima; não sei nada dessa matéria. Cursei Direito justamente porque odeio a maldita. Acreditem, já excluí uma lista de concursos por causa dela. 2) eu não faço concurso quando a organizadora é aquela que elabora provas de certo e errado. Não faço, em primeiro lugar, porque tenho dúvidas sobre a idoneidade dessa instituição e, em segundo, porque além de achar injusto ter uma questão certa minha anulada por uma errada, nunca vou bem nesse estilo de prova. 3) as inscrições são abertas e só tem uma vaga. Eu não me arrisco nessa canoa furada de uma vaga só porque sei que a minha inteligência, infelizmente, não é algo muito genial a ponto de ser a primeira colocada. 4) o edital sai e a prova só poderá ser realizada na capital do estado. Não é sempre que tenho dinheiro para viajar para fazer uma prova. 5) enquanto estou estudando para um concurso X, um concurso Y, muito melhor, em vários aspectos, sai na frente.
Muito bem, agora, imagine que eu comecei a estudar para um concurso e passei quase um ano estudando. De repente sai o edital e ocorre algum daqueles empecilhos que eu citei. Situação desagradável e muito frustrante.
Tem concursos que nós já sabemos, mais ou menos, quanto tempo vamos ter que esperar, mas essa espera, de meses, ou anos, é muito angustiante. Para piorar, esperamos por algo incerto. Não sei é porque sou ansiosa, mas odeio esperar enquanto a vida passa. Vejo pessoas realizando coisas e eu só esperando.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

FILOSOFANDO SOBRE CONCURSOS I : A BUSCA PELA DIGNIDADE


Oi amigos!
Com o passar dos dias comecei a conhecer melhor os colegas do cursinho e fiquei surpresa com uma coisa: tem muita gente batalhadora lá. Tem pessoas de várias idades, dos bem jovens aos da terceira idade; tem pais e mães de família; tem gente desempregada; tem gente insatisfeita com o em prego que tem; tem gente meio perdida, que não sabe bem o que está fazendo lá; tem muita gente desiludida com a profissão; tem empresário falido; tem funcionário público, inclusive. “Ex”, então, tem ex-tudo. Ex-patrão, ex-empregado, enfim, acho que todo mundo que escolhe ser concurseiro é, de certa forma, ex-alguma coisa, porque abriu mão da vida que tinha para assumir um outro caminho. Mas uma coisa é inegável: todos lá, sem exceção, até os perdidos, tem certeza de que estão em busca de uma coisa: dignidade. A dignidade que nunca nos foi oferecida com facilidade nesse país. A dignidade de poucos.
Todo concurseiro quer aquilo que poucos brasileiros tem: um salário que proporcione dignidade. O que é dignidade, afinal? Para mim, é poder pagar um bom plano de saúde (médico e odontológico), poder comprar tudo que é necessário para ter dignidade (medicamentos, comida, vestuário, artigos de higiene e limpeza e, porque não, algumas futilidades também), pagar as contas de água, de luz, de telefone, da internet, ter dinheiro para o combustível do carro, ter carro, ter casa própria, viajar, pelo menos uma vez ao ano, para algum lugar legal, pagar por uma educação decente, seja ensino dos filhos, seja um curso que você sempre teve vontade de fazer e nunca teve dinheiro, como um idioma ou um instrumento musical, ter acesso a tecnologias que melhoram o conforto e a qualidade de vida, enfim, deve ter coisas faltando aqui, mas isso é dignidade para mim. Para ter tudo isso, tem que receber um salário compatível. Não gosto de falar em números porque alguns vão pensar que sou exagerada. Outros podem pensar que sou simplória. É que o valor que se dá ao dinheiro varia de acordo com a classe social e com as necessidades de cada pessoa. Mas dentro do que eu considero justo, quinhentos reais, mil reais e dois mil reais não são suficientes. A partir de três mil, se for líquido, dá para conseguir um pouco de dignidade. O ideal é a partir de cinco mil. Quem é que ganha cinco mil reais líquidos nesse país? Uma minoria. Deveria ser, pelo menos, metade da população. Só que todos sabemos que no Brasil, com exceção de algumas cidades, isso é raro. Então, todos querem fazer concurso, nem tanto pela estabilidade, mas muito pela dignidade de ganhar o suficiente para viver e não apenas sobreviver. Muitos concurseiros, inclusive, aceitam ganhar bem menos do que cinco mil reais, desde que consigam um trabalho, porque até emprego de quinhentos reais está difícil conseguir. Só que a vida não é só comer e pagar contas. O ser humano carece de lazer, de divertimento também. Só que tudo no Brasil é muito caro. O dinheiro não compra muito. Outro dia, vi uma vaga no jornal exigindo curso superior em ADM, pós-graduação, inglês e carro próprio para pagar míseros mil reais. Isso não paga nem o investimento em educação que a pessoa teve.
Enfim, acho que me prolonguei demais, mas precisava falar disso. É triste ver que a dignidade é tão difícil de conseguir por meios honestos e que há tantas pessoas sem ela atualmente. O número de concurseiros não me deixa mentir.
Para encerrar, gostaria de agradecer aos seguidores no twitter e a todos que prestigiam esse blog e identificam-se comigo. Vocês são muito importantes! Obrigada!

sábado, 21 de agosto de 2010

Primeira Aula Para Valer: A Realidade dos Concursos.



Olá concurseiros obstinados!
Como havia prometido, vou falar sobre a primeira aula “para valer” do cursinho. Tive aulas de Direito Constitucional e Direito Administrativo. Os professores vieram com a mesma ladainha de que concurso é um investimento à longo prazo, que tem que se dedicar muito, etc. Engraçado que um dos professores desenhou um gráfico, no quadro, da força de vontade dos concurseiros com o passar do tempo.
Sobre as aulas achei boas, mas muito por cima. Estou notando que se quiser passar em concurso, vou ter que estudar muito em casa, pois só o cursinho não adianta. Engraçado como tem gente que faz cursinho e não estuda em casa e ainda acha que vai passar. Piada!
Fiz amizade com um rapaz de trinta anos, o Cauê. Muito gente boa, ele deu algumas dicas, pois disse que já é veterano e que estuda para concursos há CINCO anos!!!!! Quase caí para trás quando ele disse. Também conheci uma moça simpática, a Nalanda, de vinte e oito anos, que trabalha e estuda para concursos. Ela está nesse barco há dois anos e disse que eu tenho sorte por poder só estudar. O Cauê concordou, mas disse que é para eu não gastar o dinheiro que juntei com bobagens, pois vai chegar uma hora que ele vai acabar e eu vou ficar mais dura que diamante e vou começar a enlouquecer, querendo largar tudo e trabalhar.
No meio da aula, o Cauê tirou um frasco de comprimidos manipulados da mochila e tomou uma cápsula. Fiquei curiosa, mas não tive coragem de perguntar o que era. Não foi preciso.
− Isso aqui, colega, é antidepressivo. Cheguei nesse ponto, depois de passar em vários concursos e nunca ser nomeado. Tive que parar de estudar uns três meses, mas depois que comecei o tratamento, consegui voltar a estudar.
Choquei! Antidepressivo!?
− Não quero te assustar não, mas isso é bem comum. No meu caso, fiz uma escolha da qual não me arrependo, mas que só trouxe sofrimento. Fiquei muito tempo solitário, sem amigos, sem namorada. Depois, o dinheiro acabou e fiquei sem diversão, só em casa. Comecei a ter problemas gástricos e ansiedade. Como não fiz nada, deu nisso.
Gente, fiquei com muita pena dele. Quase chorei.
− Por isso, recomendo que você faça alguma atividade para trabalhar o lado emocional. Tipo yoga, artes-marciais, artes, sei lá, algo que te dê prazer e que te tire um pouco dessa realidade de concursos.
− O Cauê está certo. É difícil lidar com muitas derrotas seguidas, principalmente quando você entrega toda a sua vida numa causa e não vê resultados. − disse Nalanda.
Depois eu cheguei em casa e fiquei contabilizando. Realmente, o Cauê tem toda razão. Só com inscrições de concursos e viagens para prestar provas, o dinheiro vai diminuir muito. Mas como vou sair nos fins de semana com o João Pietro sem gastar dinheiro? Não tem como ele pagar tudo para mim, pois ele não é rico e mesmo que fosse, eu não aceitaria isso. Isso vai dar problema, pois o Pietro adora sair para bares e danceterias. Ai gente, e aquele sapato maravilhoso, da moda, que eu vi no shopping? Droga! Acho que não vai dar para comprar.
Também pensei no Cauê e se vale a pena entrar nesse caminho. O problema é que só vou saber se vale a pena entrando, pois cada pessoa tem uma trajetória. Talvez eu tenha mais sorte que o Cauê. É que cinco anos é muito tempo. Dá para fazer outra faculdade. Ai que medo! Estou assustada. Será que concurso não passa de uma ilusão para a maioria e de uma realidade para poucos?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Plano de Estudos: Uma Difícil Tarefa

Olá amigos!
Hoje, resolvi elaborar o meu plano de estudos, conforme indicação no livro "Como Passar Em Concursos Públicos". Acho que vou começar estudando umas cinco horas por dia, para ir me acostumando. O problema surgiu na hora de escolher as matérias a estudar, pois, primeiro, eu teria que deicidir qual concurso vou prestar. Eu sei que quero cargo de Analista Judicário. Porém, está para sair edital para o TRT, TRF e TRE, mas nada confirmado. Os três estão próximos de vencerem, mas de resto, é só boato. Se eu estudar para qualquer um dos três, posso, praticamente, excluir os outros dois porque as matérias são muito diferentes. Só que já imaginou dedicar-me, por vários meses, para um deles e sair edital para um dos outros? Acho que vou começar com as matérias que costumam cair em todos, como Processo Civil, Constitucional, Administrativo e Civil. Vou estudar uma matéria por hora e começarei pelas matéiras que sempre caem. A hora que sobrar, vou estudar português. 
Hoje, também comecei a minha dieta pró-concurso, com alimentos que favorecem a memória. Amanhã, será aminha primeira aula para valer no cursinho. Depois, contarei como foi. 
Abraços!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O cursinho – Aula demonstrativa de horror


Olá queridos concurseiros!
Depois daquele dia em que comprei o material de estudo, cheguei em casa e comecei a folhear o livro de “Como Passar Em Concursos Públicos”. Fiquei impressionada com a quantidade de temas abordados no livro. Eu não fazia idéia, por exemplo, de que há uma posição considerada perfeita para estudar e nem da existência de todos aqueles mecanismos da nossa memória. Estou super empolgada com a leitura. Foi então, que, quando cheguei no capítulo que comentava sobre os cursinhos preparatórios, tive um insight. Eu havia esquecido completamente que talvez fosse, de fato, importante fazer um cursinho.
Eu corri para a Internet e comecei a pesquisar sobre cursinhos. Para o meu espanto, todas aquelas “franquias” de cursinhos famosos estão na minha cidade: o com nome de jurista, aquele outro com uma sigla e aquele que aprova até no nome, fora outros. Acho que há mais cursinhos preparatórios para concursos do que escolas de idiomas. Foi o tempo em que ter um segundo idioma garantia alguma coisa. Como disse o vendedor da livraria “Todo mundo agora quer prestar concurso público”. Até ensino a distância eles tem. Se não der certo concurso, acho que vou virar empresária desse ramo. Liguei para o mais famosão deles. A atendente informou tudo sobre os cursos, mensalidade, etc. Achei o preço meio caro, mas, por enquanto, ainda tenho dinheiro para bancar, pois juntei por mais de um ano. Acabei optando por um intensivo porque se não gostar, termina logo.
No dia seguinte, fui fazer a matrícula e a moça disse que estava prestes a começar uma aula “amostra grátis” e que eu poderia assistir. Havia algumas pessoas na sala e logo entrou o professor. Um sujeito magrinho e simpático. Pelo menos, sem abrir a boca, achei-o simpático. Ele deu bom dia e começou a despejar:
– Antes de começar a aula demonstrativa, gostaria de falar sobre o que é ser um concurseiro.
– Senta que lá vem história. – sussurrei. Ele deu um sorrisinho sarcástico e continuou:
– Acho importante que vocês saibam de todas as dificuldades que enfrentarão daqui para frente, sabem como é, né, para não dizerem depois que ninguém os avisou...
Achei aquele papinho muito estranho, mas resolvi dar um crédito a ele.
– Primeiro, quero dizer que quem estuda para concurso não tem vida social como as pessoas normais. Alguém aqui tem namorado ou namorada?
Levantei a mão timidamente, querendo recuar, mas outros também levantaram, dando-me coragem para mantê-la erguida. Novamente, ele sorriu irônico.
– Pois é, amigos. Talvez esse namoro não dure muito...
Franzi a testa, discordando completamente, afinal, porque motivo o João Pietro terminaria comigo só porque eu virei concurseira. E esse papo de não ter vida social, também não botei muita fé não.
– Outra coisa...não fiquem pensando que vão passar logo de cara porque NÃO VÃO NÃO!
Ele foi tão enfático que até curvei-me para trás na cadeira. Olhei para os lados e todos estavam tensos, rígidos nas cadeiras.
– Para qualquer ser humano mediano, a aprovação só vem, em média, após três a quatro árduos de estudo, com, no mínimo, quatro horas por dia. Quando digo “mínimo”, é mínimo mesmo, porque tem gente que estuda até dez horas por dia.
Engoli em seco. DEZZZZZ HORAS POR DIA – apavorei-me.
– Fora isso minha gente, tem que saber administrar o estresse, os cabelos brancos que vão surgindo de tanta preocupação, a postura corcunda, a bunda achatada de tanto ficar sentado, a miopia de tanto ler, RÁ, RÁ, RÁ. − gargalhou.
Notei que só ele estava rindo na sala. A minha vontade era de chorar. Não agüentei continuar e saí da sala, acuada. Gente, será que aquilo foi uma coisa do tipo tratamento de choque? Acho que, na verdade, eles querem gente que seja capaz de estudar e passar e não um bando de aluno que nunca e estuda e nunca passa. Por isso fazem essa pressão, pois, se ali tiver algum vagabundo, vai sair correndo. Opa! Eu saí correndo, mas não sou isso não! Voltei correndo para a sala, mais calma. Assisti o restante da aula, ainda meio assustada, mas consegui levar até o fim.
Cheguei em casa e vi a foto do João Pietro. “Espero que a profecia do professor não se concretize” – pensei.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Começa a Maratona







Olá amigos concurseiros! Hoje vou falar sobre a hora da largada, quero dizer, sobre o momento em que REALMENTE eu levantei a bunda da cadeira e comecei a correr atrás do prejuízo. Imaginem a corrida de São Silvestre. Lá no meio estou eu, Katilene Carla, a mais nova integrante da maratona. A câmera da televisão passa por mim e eu abro um imenso sorriso. Em seguida, mando um beijo para a família e mostro a placa dizendo: "É nóis! Vade Mécum tem poder!". Era assim que eu estava me sentindo quando resolvi sair de casa à procura de material para estudar para concursos. A ansiedade me invadiu de tal forma que não tive paciência para olhar vitrines de lojas de sapatos, minha segunda maior paixão, depois do meu namorado João Pietro. 
Eu só sei que entrei pela porta do shopping encarnando "A Obstinada" e à passos largos cheguei rapidamente à livraria. Caminhei por entre as prateleiras olhando cada uma, caçando o setor de livros para concursos. Meu olhar percorria tudo como se fosse o RoboCop. De repente, meus olhos brilharam de satisfação quando li na placa: "Concursos Públicos". Avancei em direção à prateleira, como uma onça que vai atacar a caça. Ao deparar-me com todos aqueles livros, dei mais uma passada de olho RocoCop. "Como Passar Em Concursos Públicos", "Vencendo a Batalha dos Concursos", "Você Pode Passar", "1000 Questões de Concurso Público", dentre outros. Foi então, que um livro chamou a minha atenção. Na capa estava escrito "milhares de cópias vendidas". Era de um tal de W. Drougas. Fiquei impressionada, afinal, se tanta gente havia comprado, presumia-se ser bom.
Ignorante, mal sabia eu que aquela era a Bíblia dos concurseiros.
– Precisa de ajuda? – interrompeu-me um rapaz. Fitei-o e vi o crachá da loja, onde estava escrito o nome Josuel.
– Obrigada, mas acho que já encontrei o que queria. – respondi confiante, com um sorrisinho de quem estava sendo incomodada. Nunca gostei de vendedores que oferecem ajuda sem pedirmos. Além de soar como intromissão, parece que estão nos vigiando para ver se estamos roubando alguma coisa. Para meu espanto, o homem não se deu por vencido. Acho que ele não tinha muito o que fazer.
– Vai prestar concurso público? − perguntou.
Olhei para ele, com pouca paciência e respondi:
– È o que parece, não é?
– Todo mundo agora quer prestar concurso público! − rebateu o vendedor, com ironia.
Aquela frase ecoou nos meus ouvidos de maneira incômoda. Senti uma certa raiva subindo pela nuca e atingindo a cabeça em uma pontada. Era a primeira vez que eu ouvia tal comentário. Não que eu já não soubesse de tal verdade, mas reforçar um fato desagradável sempre incomoda e muito. Fiquei imaginando o Maracanã lotado, como no show da Ivete, e todo mundo gritando: “Aha Uhu, o concurso é nosso”. Fiquei até tonta só de imaginar. Acho esse tipo de comentário um tanto pejorativo, ou quem sabe até invejoso, já que, se realmente todo mundo quer prestar concurso, quem não está nessa deve se sentir meio marginalizado.
Permaneci em silêncio, com expressão de náusea.
– Eu ia recomendar esse livro mesmo. É o que mais sai. − afirmou o rapaz, rompendo o silêncio. – Se precisar de mais alguma coisa, estou à disposição.
O vendedor saiu como uma barata tonta pela loja, sem saber sequer para onde estava indo. É incrível como sempre tem alguém preparado para desanimar um concurseiro. Parece que há um certo prazer nisso.
Depois daquele episódio, fui para a parte de livros de Direito procurar um Vade Mecum atualizado. Esse sim, o Vade Mécum, é o livro de cabeceira dos concurseiros. O oráculo, o conselheiro e porque não dizer, o melhor amigo. Porque concurseiro que é concurseiro não estuda com apostila.
Fui embora para casa carregando duas bazucas para a guerra: o Vade Mecum e o livro do W. Drougas.



domingo, 1 de agosto de 2010

Como decidi ser uma concurseira...






Olá amigos de suplício, quero dizer, amigos concurseiros! Meu nome é Katilene C. O. de Souza. Resolvi criar este blog para dividir com vocês a minha rotina de concurseira. Vou contar-lhes agora como tudo começou, isto é, quando resolvi virar concurseira oficial, por opção, profissão e religião. Cursei direito para ser advogada. Nos primeiros anos achava tudo lindo e poético. “como é lindo o princípio do contraditório!”– pensava. Foi então, que no último ano de faculdade, resolvi fazer estágio em um escritório de advocacia e descobri que DEFINITIVAMENTE aquilo não era para mim. Cheguei à conclusão de que a profissão de organizador de arquivos deve ser mais emocionante...Foi então, que me formei e resolvi que a salvação da minha carreira seria passar em um concurso, já que, plagiando a mim mesma, “ser uma organizadora de arquivos seria mais emocionante”. Tudo aconteceu numa tarde de verão. Sentia-me dentro de um túnel escuro, sem perspectivas. Foi aí, que olhei para a luz do sol e o túnel escuro foi iluminado. Porém, logo que tentei caminhar dentro do túnel, tropecei em alguém na minha frente e percebi que dentro do “túnel” havia fila quilométrica, com milhares de pessoas a perder de vista.
­– Desculpe-me, senhor! – pedi, encabulada.
O homem olhou para mim com ironia e respondeu:
– Não faz mal...Bem-vinda à fila dos concursos públicos!
“Fila dos concursos públicos...”. Confesso que fiquei um pouco assustada. O homem olhou novamente para mim, com um certo ar de piedade e continuou:
– Devo avisar-lhe que no final dessa imensa fila passa um trem. Só que ele demora a passar e leva pouquíssima gente por vez. Quanto mais tempo na fila, mais difícil é de desistir. Portanto, você ainda pode desistir, quero dizer, melhor desistir agora, enquanto você ainda não se apegou ao vício.
Novamente, senti-me impressionada com as palavras do homem, mas como meu sobrenome é C. O. de “Concurseira Obstinada”, não esmoreci.
Quando voltei daquela visão, não havia mais jeito. Já estava decidida e a porta de entrada para o túnel já havia se fechado novamente.